15 de julho de 2006

Nem sempre


Nem sempre o meio é no centro
nem o lado na beirada.
E a dor que sinto por dentro
pode ser até por nada.
Nem sempre aquilo que é lindo
Merece maior valor.
Quem anda sempre sorrindo
Pode esconder uma dor.

Nem sempre ganha a corrida
O corredor que é mais forte.
Nem toda existência é vida
Nem falta de vida é morte.
Quem sempre chora e reclama
nem sempre é mais infeliz.
Nem sempre quem diz que ama
Sabe a força do que diz.

Quem fala que sabe tudo
Muitas vezes sabe nada.
Nem sempre o bom conteúdo
Tem capa mais enfeitada.
Há quem seja mais sozinho
no meio da multidão.
Pode um grito ser carinho
E um beijo ser traição.

Nem toda estrada é passagem,
Nem todo verso é poesia.
Nem sempre toda paisagem
É como a fotografia.
Quem canta nem sempre espanta
O mal que a vida nos faz.
Quanto mais minha alma canta
Cada dia sofre mais.

Nem todo que odeia fere,
Nem quem ama vive ao lado.
Nem sempre quem mais confere
Percebe que há algo errado.
Nem tudo que queima é fogo,
Nem sempre a morte é o pior.
Nem sempre quem ganha o jogo
Pareceu jogar melhor.

Nem todo vento refresca,
Nem toda luz tem calor.
Nem sempre aquele que pesca
Tem jeito de pescador.
Nem sempre o meio é no centro
Nem o lado na beirada.
E a dor que sinto por dentro
Pode ser até... por nada!

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